Bom, em resumo, tenho falado nos últimos tópicos sobre:
- "Quem roubou nossa coragem..." - Acomodação que cria fugas.
- "Desejo de não sentirmos dor..." - Sofremos com medo de sofrer.
- "Construção do ser humano no tempo" - Crescer na liberdade X Parar na escravidão.
Acho interessante refletir agora sobre as chamadas "Virtudes Teologais" (recebidas no Batismo) e uma interessante relação delas com os três tempos (passado, presente e futuro).
- A Virtude da Fé e o Tempo Passado
A nossa fé nos foi transmitida, é dom enquanto capacidade mas, para chegar até nós, "a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da Palavra de Cristo." (Rm 10,17)
Esta pregação ocorre em relação à Palavra de Deus já escrita, à história já passada por tantos de nossos semelhantes quando experimentaram a presença, a revelação gradual de Deus até o seu ápice em Jesus Cristo, o próprio Deus que vem até nós.
E não para por aí, já que após Cristo, outras pessoas vão experimentando Deus em suas vidas em consonância com a Palavra revelada, história esta que vai compondo o que chamamos de Tradição da Igreja.
É neste passado de experiências com Deus que nossa fé inicialmente se baseia, que encontra "base". E, com o passar do tempo, temos nossas próprias experiências com Deus que vão se agregando a essa base - o nosso passado que se une aos nossos antepassados na fé.
- A Virtude da Esperança e o Tempo Futuro
Esta analogia é bem mais fácil, já que é a esperança que lança um olhar para o futuro. Porém, tem estreita ligação com a fé que nos foi transmitida, com a revelação de Deus.
É possível ter esperança sem crer em Deus? Poderíamos até dizer que sim, mas é uma esperança que não encontra base sólida, pois "a fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Foi ela que fez a glória dos nossos antepassados" (Hb 11,1-2) Tratar-se-ia de um futuro que não tem um olhar na experiência de tantos antepassados que esperaram o cumprimento das promessas de Deus e não foram decepcionados.
- O Virtude do Amor (Caridade) e o Tempo Presente
A fé dos antepassados é base para nossa fé, mas se esta não é vivida no presente, de que adianta? "Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta." (Tg 2,26). Esta fé precisa ser vivida e experimentada hoje por nós, e isto acontece nas relações que estabeleço: comigo mesmo, com Deus, com o próximo e com a natureza. O equilíbrio nestas 4 relações se estabelece quando vividas no amor, na abertura ao outro (alteridade) e não no fechamento em nós mesmos.
Portanto, se vivermos hoje pelo amor "firmes na fé, alegres na esperança, e solícitos na caridade" (cf. bênção final da missa do terceiro Domingo do Advento), não precisamos sofrer por medo de sofrer. Vivamos hoje no amor, na caridade.
As virtudes teologais nos capacitam para o crescimento rumo à vida eterna. Nada melhor do que falar sobre "A Eternidade e o Tempo" (clique aqui para ler) na próxima postagem.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente e agregue conhecimento. Cresçamos juntos!!