BUSQUE O ALTO!
ANJO BARRO
ANTÔNIO JO BARBOSA RODRIGUES
Eu tirei esta foto no estacionamento do Barra Shopping. Não me perguntem como esta árvore cresceu torta assim. Na época, achei curiosa e resolvi registrar. Agora, coloquei-a como "símbolo" neste blog pelo que ela representa para mim.
Provavelmente, esta árvore passou por dificuldades para crescer neste "caminho torto", mas ela sobreviveu e continua a buscar sempre o alto. Vejo que somos assim também: Nem sempre conseguimos andar pelo caminho reto rumo ao alto, pois somos seres humanos, cheios de incoerências e limites, mas Deus vê a nossa luta em chegar ao alto. Isto é a santidade: não desistir de chegar ao céu. Neste caminho, às vezes caímos, trilhamos caminhos "tortos", mas se nos levantamos e não desistimos de alinhar de novo, estamos rumo ao alto.
Este site tem como objetivo crescermos juntos e, sem suas opiniões e comentários, isto não será possível! Portanto, leia os tópicos, participe comentando!

Nosso trato neste "blog de crescimento" é o seguinte: Me reservo apenas no direito de apagar os comentários que eu considerar ofensivos, contrários à lei e/ou que usarem expressões ou palavras de baixo calão. Trato feito, vamos em frente... ou melhor, para o alto!!!

domingo, 28 de novembro de 2010

Eucaristia - não "simboliza"; É o Corpo de Cristo!!

Hoje resolvi escrever um pouco sobre este tema que ainda é duvidoso para algumas pessoas. Portanto, em primeiro lugar, gostaria de esclarecer que utilizarei o termo "Protestantes" para os Cristãos batizados não Católicos porque é o termo que melhor designa a origem destas comunidades. Isto porque "Evangélicos", "Crentes" ou "Cristãos" são atributos também dos Católicos e, portanto, não servem para diferenciar a Igreja Católica das outras Comunidades. Outro termo viável é "nossos irmãos separados", pois sendo batizados são também nossos irmãos em Cristo, mas vou preferir utilizar o primeiro - Protestantes. E não desejo que sintam agressividade no termo. Apenas, como falei, tem a ver com sua origem histórica em Lutero e Calvino com a Reforma Protestante, no século XVI.

Bom, entre os Protestantes existe um pensamento de que na Santa Ceia foi instituído por Jesus somente um efeito simbólico, ou seja, um símbolo de unidade entre os discípulos de Cristo, o qual é celebrado até hoje entre os Protestantes em suas Ceias. Assim, eles não acreditam que, durante a oração Eucarística que ocorre nas Missas Católicas, o Pão e o Vinho realmente tenham sua substância modificada (transubstanciada) no Corpo e Sangue de Cristo. Sendo mais específico, o Cristo vivo e Ressuscitado - Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

Para sustentar sua posição, os Protestantes alegam que Jesus fala "Isto é o meu corpo... Isto é o meu sangue..." de forma simbólica, querendo com isso celebrar uma unidade entre si e os seus discípulos que persistiria para sempre, mas o pão e o vinho permaneceriam como antes, ou seja, teriam apenas um valor simbólico que deveria sem relembrado nas futuras celebrações cristãs.

Bom, gostaria de interpor alguns comentários a respeito desta posição:

1- Causa-me espanto que os Protestantes, como defensores de uma interpretação mais fundamentalista ("ao pé da letra") da Bíblia possam, neste momento, defender uma interpretação simbólica. Afinal, estamos falando de: Mt 26, 26-28 ; Mc 14, 22-24 ; Lc 22, 19-20 ; I Cor 11, 23-29. São 4 relatos em que o verbo ser (É) foi utilizado por Jesus para expressar aquele momento, relatados por 4 narrativas de pessoas distintas: Evangelho de Mateus, de Marcos, de Lucas e uma das Cartas de Paulo. Portanto não é uma narrativa isolada. Transcrevo apenas uma, mas podem conferir as demais:
  • Mt 26, 26-28 - "Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: 'Tomai e comei, ISTO É O MEU CORPO'. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, porque ISTO É MEU SANGUE, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados."
Pra mim, não há dúvidas: o Pão consagrado É o Corpo de Jesus Cristo; o Vinho consagrado É o Sangue de Jesus Cristo. Não simboliza: É!

2- Dando mais força a este ponto, explicito o final da narrativa de Paulo em sua carta aos Coríntios:
  • I Cor 11, 27-29 - "Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação."
Ora, se quem come e bebe (o pão e o vinho no cálice) indignamente é culpável do corpo e do sangue do Senhor e quem não distingue (ou reconhece, na Bíblia do Peregrino) o Corpo do Senhor é condenado, a associação é plena! É necessário distinguir ou reconhecer o corpo de Cristo no pão e no vinho consagrados - não é mero símbolo!

3- Ouvi certa vez um excelente comentário do Pe. Jonas da Comunidade Canção Nova de que os Protestantes alegam que Paulo fala aqui do corpo místico de Cristo, ou seja, da união simbólica do povo cristão em Cristo. Entretanto, Pe. Jonas chama muito bem a atenção de que Paulo fala aqui de ser culpável do Corpo e do Sangue do Senhor. E existe o Corpo Místico de Cristo, mas não o Sangue Místico de Cristo. Não há esta expressão, que ficaria sem sentido.
4- Pode parecer estranho que João seja o único Evangelista que não narra a ceia nos detalhes que os outros narram. Entretanto, nos dá uma colaboração muito valiosa em outro ponto de sua narrativa: Jo 6, 22-69 - o discurso do Pão da Vida. Cito alguns trechos:
  • Jo 6, 51-59 - "Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo. A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne? Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente. Tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum."
Mais claro que isto? Os judeus acharam estranho, mas Jesus não voltou atrás em suas palavras!

  • Jo 6, 60.66-69 - "Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: Isto é muito duro! Quem o pode admitir? Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele. Então Jesus perguntou aos Doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!"

Ora, até alguns discípulos deixam de seguir Jesus por causa de suas palavras!Mas Jesus não volta atrás! Não tenta explicar que seria um símbolo ou uma comparação para que os discípulos não fossem embora por um simples mal entendido. Ele confirma e ainda pergunta se alguém mais quer ir embora! Pedro, em nome dos Doze, declara continuar, mesmo não tendo ficado clara a idéia da Eucaristia que seria instituída em breve!

5- Para os que são mais céticos e ligados apenas a fatos que se possa "comprovar", Deus ainda vem em auxílio com os diversos milagres eucarísticos já ocorridos na história da Igreja. Entretanto, por falta de espaço, cito aqui apenas um dos mais famosos: o Milagre de Lanciano. Verdadeiramente e visualmente a hóstia se transformou em carne e o vinho em sangue, examinados pela ciência. O link para esta matéria é http://www.zenit.org/article-7470?l=portuguese e boa parte dele está transcrito ao final deste post.

Logo, depois destes pontos, ainda há como contestar a presença real de Cristo na Hóstia (Pão) e no Cálice (Vinho) consagrados? Só porque não dá pra explicar como isto ocorre não é um motivo para negar. Afinal, Jesus não tinha poder sobre seu corpo (Jo 6, 16-21)? E também não tinha poder sobre o pão (Jo 6, 1-15)? Segue a matéria:

Artigo do Zenit:

"O milagre eucarístico de Lanciano segundo o cientista que comprovou sua autenticidade

Fala o doutor Edoardo Linoli

ROMA, quinta-feira, 5 de maio de 2005 (ZENIT.org).- O doutor Edoardo Linoli afirma a Zenit que sustentou em suas mãos um verdadeiro tecido cardíaco quando analisou anos atrás as relíquias do milagre eucarístico de Lanciano (Itália), o mais antigo dos conhecidos.

O fenômeno se remonta ao século VIII. Em Lanciano, na igreja dedicada a São Legonciano, um monge basiliano que celebrava a missa em rito latino, após a consagração, começou a duvidar da presença real de Cristo sob as sagradas espécies.

Nesse momento, o sacerdote viu como a sagrada hóstia se transformava em carne humana e o vinho em sangue, que posteriormente se coagulou. Na catedral estão custodiadas estas relíquias.

Professor de Anatomia e Histologia Patológica, de Química e Microscopia Clínica, e ex-chefe do Laboratório de Anatomia Patológica no Hospital de Arezzo, o doutor Linoli foi o único que analisou as relíquias do milagre de Lanciano. Seus resultados suscitaram um grande interesse no mundo científico.
Em novembro de 1970, por iniciativa do arcebispo de Lanciano, Dom Pacífico Perantoni, e do ministro provincial dos Conventuais de Abruzzo, contando com a autorização de Roma, os Franciscanos de Lanciano decidiram submeter a exame científico as relíquias.
Encomendou-se a tarefa ao professor Linoli, ajudado pelo professor Ruggero Bertelli --da Universidade de Siena--. Com a maior atenção, o professor Linoli extraiu partes das relíquias e submeteu a análise os restos de «carne e sangue milagrosos». Em 4 de março de 1971 apresentou os resultados.
Evidenciam que a carne e o sangue eram com segurança de natureza humana. A carne era inequivocamente tecido cardíaco, e o sangue era verdadeiro e pertencia ao grupo AB.
Consultado por Zenit, o professor Linoli explicou que, «pelo que diz respeito à carne, encontrei-me na mão com o endocárdio. Portanto não há dúvida alguma de que se trata de tecido cardíaco».
Quanto ao sangue, o cientista sublinhou que «o grupo sanguíneo é o mesmo do homem do Santo Sudário de Turim, e é particular porque tem as características de um homem que nasceu e viveu nas zonas do Oriente Médio».
«O grupo sanguíneo AB dos habitantes do lugar de fato tem uma porcentagem que vai de 0,5 a 1%, enquanto que na Palestina e nas regiões do Oriente Médio é de 14-15%», apontou.
A análise do professor Linoli revelou também que não havia na relíquia substâncias conservantes e que o sangue não podia ter sido extraído de um cadáver, porque se haveria alterado rapidamente.
O informe do professor Linoli foi publicado em «Quaderni Sclavo di diagnostica clinica e di laboratório» (1971, fasc 3, Grafiche Meini, Siena).
Em 1973, o conselho superior da Organização Mundial da Saúde (OMS) nomeou uma comissão científica para verificar as conclusões do médico italiano. Os trabalhos se prolongaram 15 meses com um total de quinhentos exames. As conclusões de todas as investigações confirmaram o que havia sido declarado e publicado na Itália.
O extrato dos trabalhos científicos da comissão médica da OMS foi publicado em dezembro de 1976 em Nova York e em Genebra, confirmando a impossibilidade da ciência de dar uma explicação a este fenômeno.
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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Camisinha - Algo Mudou para a Igreja? Certamente Não!

Houve muito alarde a respeito de um comentário que o Papa Bento XVI fez para um livro sobre o uso do preservativo. Como respondi a um e-mail sobre minha opinião em relação a isso, resolvi postar também neste meu blog pois sei que muitas coisas se falaram por aí. Esta postagem também está no blog SEMEANDO CATEQUESE.

É sempre bom pesquisar antes em um órgão de notícias da Igreja pois outras fontes (mesmo famosas...) costumam distorcer este tipo de notícia. Recomendo acessar ZENIT.


Então, sobre camisinha, simplesmente a Igreja continua com o ensino tradicional do seu Magistério, embora possa não parecer. A doutrina da Igreja permanece clara: as relações sexuais entre 2 pessoas devem ser vividas somente dentro do casamento. Fora dele, não estão de acordo com o plano de Deus. Ora, dentro do contexto da relação sexual dentro da fidelidade de um casamento, qual a necessidade da camisinha? Nenhuma. Portanto, poderíamos dizer que a Igreja é contra a camisinha no sentido que seu uso se dá nas situações de pecado. Logo, como seu uso estaria ligado a estas situações, um pronunciamento a seu favor de forma genérica (que não é o caso) simplesmente traria a confusão, ou seja, que os comportamentos que a acompanham também seriam legítimos. Assim, a camisinha poderia ser usada como um pretexto para os comportamentos reprováveis, já que daria proteção (que também não é tão alta assim...).

Mas observemos o seguinte: o Papa falou de um caso específico - os garotos de programa ou, por extensão, as prostitutas. Estes já tomaram sua decisão de não seguir os ensinamentos da castidade. Não é o uso ou não da camisinha que os farão parar com seu comportamento.

É como se disséssemos: "Não prossigam neste caminho pois não são esses os planos de Deus a respeito dos seres humanos, da família, etc. Entretanto, se sua decisão é irrevogável, então protejam-se e reduzam as chances de se contaminar ou contaminar os semelhantes usando a camisinha." Entenderam a diferença? Eles já decidiram não agir de acordo com os ensinamentos de Jesus transmitidos pela Igreja, então porque não evitar um mal maior?

Eu faço uma comparação exagerada para perceber a sutileza da questão (como toda comparação, não é totalmente igual - apresenta apenas algum aspecto comum para ajudar a esclarecer): Digamos que uma pessoa muito querida tenha tomado a irrevogável decisão de matar alguém e nada o remova dessa decisão. Suponhamos que não há como impedi-la. Diríamos então para que ela fosse sem colete a prova de balas, já que o uso do colete só é permitido por policiais a serviço da população ou por inocentes sob proteção da justiça? Claro que não! Espero que o exemplo tenha ajudado e não prejudicado.

Causou este rebuliço todo porque creio que nenhum Papa tenha entrado em detalhes como esse até hoje, mas o ensinamento continua o mesmo.

Não é por isso que podemos dizer que governos que distribuem camisinha simplesmente estejam corretos, porque neste caso, há um incentivo às relações sexuais abertas, pressupondo que sejam seguras (seguras???). Não é o caso das prostitutas e garotos de programa que já tem sua decisão tomada, independente de camisinha ou não.

Portanto, pra mim não mudou nada no ensinamento e sua aplicação. Entretanto, é claro que parte da imprensa vai jogar com isso para dizer que a Igreja está revendo seus ensinamentos e tentar generalizar para outros casos.

"Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará" (Jo 8,32) Não nos contentemos com meias verdades!

domingo, 7 de novembro de 2010

Omniciência Divina x Pre-Determinação ou Destino

Está difícil arrumar tempo pra escrever aqui no blog, mas já que consegui, vamos lá...

Já vi em um monte de lugares confusões entre estes dois conceitos - Omniciência (ou Oniciência) e Destino Pré-Determinado - o que muitas vezes acaba levando a conclusões precipitadas. Vou falar de algumas:
1 - Ora, se existe um Deus e Ele é Omniciente (sabe de tudo que já aconteceu, que acontece e que vai acontecer), então tudo já está determinado e, sendo assim, na realidade eu não faço escolhas - eu não tenho liberdade! Como posso ser responsabilizado por meus atos se tudo está determinado por Deus?
2 - Se tudo está determinado por Deus em sua omniciência, porque orar? Porque pedir a Ele que realize determinadas coisas? Não está tudo decidido?
3 - Porque lutar para conseguir algumas coisas? Se tudo está determinado, lutando ou não elas acontecerão!
4 - Se tudo está determinado por Deus devido à sua omniciência, então Ele é sim o criador do bem mas também do mal no mundo e alguém que cria o mal não pode ser totalmente bom - não é um Deus-amor!
5 - A mais radical - não dá para conciliar a existência de um Deus Amor, perfeito e omniciente em relação a um mundo cheio de injustiças como conhecemos. Logo, Deus não existe.

Talvez eu já tenha ouvido falar de outras conclusões precipitadas, mas acho que estas já mostram bem o tamanho do estrago que uma confusão de conceitos pode causar.

Vamos lá! Ter conhecimento de tudo que irá acontecer não é equivalente a determinar tudo que irá acontecer! Por exemplo, cremos que Deus criou o Homem livre para tomar suas próprias decisões. Saber qual decisão o Homem irá tomar não significa determinar essa decisão.

Deus vive na eternidade, na qual o tempo não tem sentido de ser contado. Simplesmente o tempo não existe para Deus - Tudo para ele é presente. Às vezes achamos que quando falamos de eternidade queremos dizer que o tempo continuaria passando mas nós não envelheceríamos mais nem desapareceríamos. Simplesmente o tempo continuaria passando e eu permaneceria vivendo nesse tempo. O conceito de eternidade é outro: é um tempo que não passa mais. Muitas vezes ouvimos a expressão "final dos tempos" e nem prestamos atenção nestas palavras. Realmente trata-se de FINAL dos TEMPOS. Na eternidade tudo é presente - sempre presente - não há tempo para passar.
Como Deus vive na eternidade, todos os tempos pelos quais estamos passando são, para Ele, presente. Assim, Ele sabe o passado, presente e futuro porque ele os "vive simultaneamente". Talvez me faltem termos adequados para definir melhor (afinal, só conhecemos o mundo temporal), mas é mais ou menos isso.

Logo, mais uma vez: saber aquilo que acontecerá não é sinônimo de determiná-lo. Portanto, as escolhas que eu faço ajudam a determinam sim o meu caminhar, interferem em consequências futuras. Embora Deus saiba as decisões que tomarei, eu é que as estou tomando - sou responsável por minhas escolhas. Se eu não lutar por uma vaga na universidade, ela não cairá no meu colo porque estaria determinada. Pelo contrário: ela estaria determinada a acontecer se eu lutei e tudo concorreu para que acontecesse. E estaria determinada a não acontecer se eu não lutasse por ela.

Com isso, não estou esvaziando a ação de Deus no mundo. Pelo contrário, estou apenas dizendo que temos total liberdade em nossos atos porque assim Deus quis. Entretanto, Deus também age no mundo mas sem interferir na nossa liberdade. Desde o início (e isso é narrado no Antigo Testamento) Deus vai se revelando gradativamente a seres humanos que vão "tateando" em meio às maravilhas da natureza e em meio a relações com outros seres humanos. Neste processo, Deus vai gradualmente mostrando sua vontade aos seres humanos até a revelação por excelência em Jesus (Deus e Homem, Deus encarnado como um de nõs) que nos revela o Pai como Ele é, sem possibilidade de erro, pois Jesus também é Deus e Ele, com o Pai no Espírito Santo, são um só Deus na Santíssima Trindade.

Esta revelação é ação de Deus na história e, portanto, Ele também atua em conjunto com as nossas ações; não no sentido de predeterminar o futuro, mas no sentido de convidar o Homem para a melhor forma de realizar este futuro. As ações de Deus no mundo, sob a forma de convites, de chamados, de vocações, da Revelação em si..., tudo isso visa um fim desejado por Deus: "Que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade" (cf. I Tm 2,3-4). Porém, a decisão do Homem é e será sempre livre. Podemos dizer que Deus "nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus Cristo" (cf, Ef 1,5), mas não conforme o conceito corriqueiro de destino (algo escrito que não posso mudar). Essa "predestinação" é uma orientação, uma vontade de Deus acerca do nosso destino final e Deus sempre tentará conduzir-nos para este fim, mas nunca determinando-o - continuará sendo um convite!

Deus, portanto, não criou os males no mundo. Todo seu plano está orientado para o bem e para a salvação de todos os homens. Entretanto, a liberdade do homem implica em opções, as quais podem ser boas ou más. E isto, desde que surgiu o primeiro ser humano.

Por fim, falemos sobre a eficácia de orar. O caminho é o mesmo: Deus conhece tudo que acontece e que acontecerá, inclusive as orações que ainda faremos! Ele conhece tudo que ocorrerá, mas algumas coisas ocorrerão também influenciadas pelas orações que faremos (e que Ele já sabe que faremos).
Porém, aqui também precisamos conversar sobre o que é oração: Dentro deste contexto, não se trata de forçar a vontade de Deus a atender a nossa vontade. Pelo contrário, o movimento da oração já é uma resposta de nossa fé à um primeiro movimento de Deus - sua Revelação. Está sim nos planos de Deus que orássemos e estivéssemos cada vez mais em sintonia com Ele, mas Ele também não nos forçou a orar - Ele nos convidou! Então, a oração não é uma tentativa nossa de mudar a vontade de Deus, mas sim uma resposta nossa à vontade de Deus para que estivéssemos em Sua presença. E se nossa oração está conforme o plano de Deus, ela é atendida pois esta oração cumpriu seu papel primeiro - nos unir a Deus e à sua vontade.
Mas mesmo quando o objetivo de nossa oração não está direcionado de acordo com a vontade de Deus, se deixarmos Deus agir em nós, a oração trará um outro efeito: o de nos modificar. Unindo-nos com Deus na oração, Ele nos fará perceber gradativamente (as vezes após muitos percalços na vida) que devemos orar em outro objetivo que não aquele anterior. Mais uma vez, foi uma resposta nossa à vontade de Deus para que estivéssemos em sua presença.
Bom, já falei das respostas "Sim" e "Não" às nossas orações. Existe uma terceira possibilidade: "Ainda não". Aqui, a oração nos dá paciência e confiança de que Deus tudo conhece. Além disso, pode ser que Deus queira que façamos algo antes que o objetivo da oração seja atendido. Mais uma vez, acontece um convite de Deus para nossa ação conforme Sua vontade. Eis um outro efeito da oração - a comunicação de Deus conosco.

Portanto, mesmo sabendo que Deus sabe o que acontecerá, precisamos orar pois muitas destas graças estão vinculadas à nossa abertura de estar na presença de Deus.
Por fim, Deus sabe sim todas as coisas que acontecerão, mas essas coisas acontecerão também devido às nossas decisões e ações, as quais Deus já conhece também, mas não as pre-determina - são livres!

Sintamo-nos parceiros de Deus no plano de criação e redenção que Ele preparou para nós!!
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