Achei interessante criar esta sexta postagem quanto a Criação e Evolução por 2 aspectos:
1 - Quero postar o comentário que o Carlos Francisco (autor do Blog Quo Vadis Domine), que pertence à Comunidade Filhos da Redenção da qual também participo, colocou na quinta postagem sobre o tema [ Criação e Evolução (5) ] para que as divulgações automáticas de postagens do blog pudessem funcionar com este texto que é mais um a corroborar o raciocínio que expus. O texto é de autoria do cardeal Odilo Scherer:
"A criação não exclui a evolução, nem o contrário (...) a evolução é um fato evidente e não pode ser posta em dúvida; porém, se ela explica como as coisas se diferenciam e mudam, por diversos fatores, ela, contudo, não explica a origem absoluta dessas coisas. É um fato que somente evolui e se transforma aquilo que já existe. Donde, ou de quem cada ser recebeu a existência e a ordem interna para ser aquilo que é, e não outra coisa? Do nada? Do nada, nada surge, a não ser que algum agente "crie", isto é, dê origem, tire do nada e faça existir algo. O acaso poderia ser este fator determinante? Como seria inteligente este acaso! A teoria do acaso é absurda. É melhor crer em Deus criador, isso não é absurdo."
(cardeal Odilo Scherer, em artigo publicado no jornal arquidiocesano "O São Paulo", no ano das comemorações de 200 anos do nascimento de Charles Darwin)
2 - Achei também importante reforçar um ponto que pode não ter ficado claro o suficiente. Quando digo que a interpretação do texto (principalmente no início do Gênesis) não deve ser feita de forma literal, não quero dizer que tudo seria um "conto de fadas" e que, portanto, não teria a devida validade. Muito pelo contrário! O que quis dizer é que o estudo deve ser feito com todo o cuidado levando em conta diversos aspectos da época da escrita (que não é a mesma época narrada) e vários outros pontos que já citei.
Assim, por exemplo, acho interessante citar aqui brevemente a questão do Pecado Original. Embora a narrativa fale do fruto da árvore que havia sido proibido para os seres humanos e possamos afirmar que o gênero literário aqui comporta alguns símbolos, o fato é que houve um acontecimento no período inicial da humanidade onde o primeiro ser humano cometeu um ato que foi contrário à sua natureza, contrário ao objetivo para o qual ele foi criado (ou para o qual ele evoluiu) e que isto causou uma desordem que se propagou para a especie inteira. (cf. CIC 390)
Deus ao infundir a alma espiritual no ser humano, também havia lhe concedido a graça original, simbolizada pela grande harmonia no Paraíso, onde ele passeava com Deus - o "lugar" de encontro com Deus. Ao contrariar a vontade de Deus, querendo decidir por sua própria conta o que é bem e o que é mal (daí a arvore da ciência do bem e do mal), ele acaba indo contra a graça original e a perde. Esta "falta" da graça original se propagou pela espécie - daí o pecado original.
A partir daí, a natureza do homem continua boa, pois assim foi criada. Entretanto, encontra-se como que "enfraquecida", machucada, lesada. Mesmo quando a graça passa a habitar em um ser humano pelo batismo, a natureza permanece enfraquecida mas, com a graça, pode ser vencedora - eis o combate espiritual que experimentamos a cada dia.
O Catecismo da Igreja Católica trata muito bem deste tema nos parágrafos 385 a 421. Recomendo mesmo esta leitura.
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