BUSQUE O ALTO!
ANJO BARRO
ANTÔNIO JO BARBOSA RODRIGUES
Eu tirei esta foto no estacionamento do Barra Shopping. Não me perguntem como esta árvore cresceu torta assim. Na época, achei curiosa e resolvi registrar. Agora, coloquei-a como "símbolo" neste blog pelo que ela representa para mim.
Provavelmente, esta árvore passou por dificuldades para crescer neste "caminho torto", mas ela sobreviveu e continua a buscar sempre o alto. Vejo que somos assim também: Nem sempre conseguimos andar pelo caminho reto rumo ao alto, pois somos seres humanos, cheios de incoerências e limites, mas Deus vê a nossa luta em chegar ao alto. Isto é a santidade: não desistir de chegar ao céu. Neste caminho, às vezes caímos, trilhamos caminhos "tortos", mas se nos levantamos e não desistimos de alinhar de novo, estamos rumo ao alto.
Este site tem como objetivo crescermos juntos e, sem suas opiniões e comentários, isto não será possível! Portanto, leia os tópicos, participe comentando!

Nosso trato neste "blog de crescimento" é o seguinte: Me reservo apenas no direito de apagar os comentários que eu considerar ofensivos, contrários à lei e/ou que usarem expressões ou palavras de baixo calão. Trato feito, vamos em frente... ou melhor, para o alto!!!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Liberdade e Instinto

No tópico "Construção do Próprio Ser Humano" (clique para ler) tive o prazer de receber um comentário do Harlyson, alguém que conheci há algum tempo graças a um trabalho do Curso de Teologia que ele estava preparando sobre a Igreja Católica. De religião protestante, seus comentários são muito consistentes e sempre numa linha que se adequa perfeitamente com o objetivo deste blog que é o de crescermos.

O cerne do comentário repousa sobre a questão da liberdade e do instinto. Por ser um tema interessantíssimo, achei por bem abrir esta nova postagem sobre este assunto, além de acrescentar mais um comentário na postagem original quanto às demais considerações. Isto também porque eu não consigo me conter em poucas linhas...

Um ponto importante que talvez não tenha ficado claro no texto do tópico mencionado no início deste é que não tentei seguir uma linha dualista, mesmo porque concordo com o Harlyson - não se trata de dualismo, mas de dualidade. Somos seres com duas realidades em nós: uma espiritual e outra corporal, e ambas as realidades deste único ser chamado ser humano foram criadas por Deus, do qual lemos após a criação do mundo em Gn 1,31: "Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom." Logo, se TUDO era muito bom, o ser humano era muito bom, tanto a realidade espiritual como a corporal. E a realidade corporal inclui o instinto.

Ora, os animais racionais e irracionais possuem o instinto e ele visa ajudar às espécies a existirem, a se perpetuarem na face da Terra.

Portanto, ao dizer que "Nossa liberdade está, justamente, em podermos nos dominar - ter auto-domínio.", refiro-me a um equilíblio, onde percebo meu instinto e reflito se é correto (ou prudente, ou coerente) dar vazão a ele ou não naquele momento. Afinal, o meu instinto me leva a querer comer quando estou com fome. Que mal há nisto? Entretanto, o que dizer quando, sem regra, esta vontade de comer leva alguém à obesidade, ao risco de saúde? Neste caso, poderíamos dizer que esta pessoa seria escrava do "comer", e não livre.

E isto pode ser estendido para os demais instintos do ser humano. Não se trata aqui de não sentir os instintos, mesmo porque não senti-los seria algo anormal, algo contrário à natureza. Trata-se de mantê-los dentro do controle da razão, este dom que Deus nos deu.

Concordo com a afirmação de que a "fé" (mal esclarecida) também pode se tornar escravidão, mas aqui também entra a razão para dar equilíbrio. Vou além!! A própria razão pode escravizar num racionalismo fechado, e aqui entra a fé para dar o equilíbrio. Como diziam os gregos, a virtude está no equilíbrio! Cito aqui a frase que abre o documento "Fides et Ratio" - Fé e Razão - do saudoso Papa João Paulo II: "A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio".

A vida não precisa ser "uma prisão de medo e de angústia", como foi colocado, mas é inquestionável que nossa dualidade apresenta duas realidades que, por vezes, apontam para sentidos contrários. Já dizia Paulo (Rm 7,14-26), em resumo, que "não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero." Isto mostra que há momentos de conflito interno em que a razão, iluminada pelo Espírito de Deus, deve apontar para o caminho a ser seguido.

E isto tudo não elimina a importância do sentimento e do instinto. Ao contrário, se entrelaçam com a importância da razão, do espírito, da fé... É deste crescimento que eu quis falar, um equilíbrio que é construído ao longo da nossa vida.

Costumo ligar este tema ao trabalho de Piaget, que falava sobre a Heteronomia e a Autonomia como duas das etapas da construção do ser humano, que ocorrem durante a sua vida.

A Heteronomia se traduz em observar uma regra que simplesmente vem de fora, que existe "fora de mim" e, portanto, não é interiorizada. A regra é seguida por medo, seja medo de uma bronca, de uma agressão física ou simplesmente de desagradar ao "mandante". Nesta fase, se a criança encontra uma forma e se sente motivada a agir contra a regra sem que seja descoberta, ela o fará pois o que a fazia seguir a regra era única e exclusivamente o medo de uma "punição". Lembram quando eu concordei que a "fé" pode se tornar escravidão? Pois é... se for nesta atitude de heteronomia, certamente será ("No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor." - I Jo 4,18)

A Autonomia se traduz em se envolver com a regra. Nas crianças, isto é estimulado (por exemplo) através de trabalhos em grupo, onde existem regras que são consensadas entre elas e, aos poucos, elas percebem a necessidade delas. Percebem que, por exemplo, em alguns momentos há a necessidade de um líder que definirá o caminho a seguir, ou em outros instantes, que a maioria definirá por votação...

Percebe-se gradualmente que existem regras que são universais, assim como a noção de direitos e deveres, e isto é claramente um exercício da razão humana que vai crescendo. Aos poucos, as regras vão sendo cumpridas não por medo de uma punição ou retaliação, mas porque é o melhor a ser feito para o bem comum.

Existe um momento na vida da criança em que esta mudança se inicia. Porém, é verdade que nem sempre agimos na autonomia mesmo quando adultos... logo, estamos constantemente em crescimento, em aperfeiçoamento desta autonomia. Neste processo, vamos aos poucos freando aquilo que, na nossa avaliação, não seria conveniente realizar, visando o bem comum e o meu próprio bem.

Portanto, na minha opinião, vejo aqui a liberdade de optar que vai sendo construída a partir do momento em que vou sendo capaz de efetuar um diálogo interno entre a razão e o instinto, para chegar à melhor ação.

Ligando este assunto agora à realidade espiritual, se o Espírito Santo iluminar meu espírito neste "diálogo interno", vou tender a realizar as ações mais adequadas. Vejam que usei o termo "iluminar" e não "forçar" ou "comandar", pois Deus aqui nos ilumina, mas a decisão e a responsabilidade continuam sendo minhas.

Por fim, como somos criaturas e temos limites, não há como estar livre de erros em todas as nossas atitudes. Mas o que vale é o firme propósito de querer crescer na liberdade de filhos de Deus. Ele olha nossa luta diária e nos dá a sua graça para seguir crescendo.

Saudações em Cristo!!

Ah, Harlison, você pediu desculpas no comentário por ter escrito demais? Logo para mim, que não consigo me conter em poucas palavras (rsrsrs)... Pode escrever à vontade e saiba que é sempre bem vindo neste blog, ou melhor, nesta partilha!

Deus lhe abençoe!

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