Há mais ou menos 2 meses eu estava ouvindo a música "Quando o sol bater na janela do seu quarto" do Legião Urbana. Eu já havia escutado muitas vezes esta música mas desta vez alguns trechos me chamaram muito a atenção. Um deles foi este:
"Até bem pouco tempo atrás,
Poderíamos mudar o mundo,
Quem roubou nossa coragem?"
Esta frase pode ser ouvida com nostalgia: quando aceitávamos mais desafios, quando queríamos mudar o mundo ao redor, quando tínhamos mais ousadia para transformar o que achávamos errado (ou pelo menos tentar)...
Mas porque os verbos no passado? Onde realmente está nossa coragem? Foi roubada por quem? Para mim a palavra chave é ACOMODAÇÃO!!! Falo aqui de mim mesmo, mas sinta-se à vontade de enxergá-la ou não em você.
Tenho visto o mundo ficar cada vez mais cômodo: facilidades tecnológicas, diversões mil ao simples comando de um controle remoto ou de um teclado de computador, o alívio de uma dor através de um simples comprimido...
Não vejo estas conquistas da ciência humana como negativas em si mesmas. O que vejo é que muitos de nós acabamos nos acomodando com esses confortos a ponto de não nos incomodarmos mais com muitas coisas erradas no mundo e que poderíamos mudar (ou tentar pelo menos).
A verdade é que a própria educação não tem ajudado muito. Como comenta Augusto Cury, em seu livro 'Pais Brilhantes, Professores Fascinantes': "As crianças e os jovens aprendem a lidar com fatos lógicos, mas não sabem lidar com fracassos e falhas... São treinados para fazer cálculos e acertá-los, mas a vida é cheia de contradiçõs, as questões emocionais não podem ser calculadas, nem tem conta exata. Os jovens são preparados para lidar com as decepções? Não! Eles são treinados apenas para o sucesso. Viver sem problemas é impossível. O sofrimento nos constrói ou nos destrói..."
Tudo isto acaba escancarando as portas para os extremos das fugas frente às dificuldades e derrotas da vida que aparecem: drogas, alcoolismo, ...
Onde está nossa coragem?? Para mim, ela está dentro de cada um de nós, mas acomodada. Ninguém a roubou, está escondida embaixo de tantos confortos e falsas seguranças que deixamos acumular em cima dela. A prova disso é que, em alguns momentos quando as dificuldades chegam a um extremo "insuportável", vemos aparecer esta coragem com atitudes das quais até dizemos: "Puxa! Nunca achei que fosse capaz de fazer o que fiz..."
E esta acomodação tem muito a ver com uma outra frase da mesma música, que comento no tema: "Desejo de não sentirmos dor" (clique para ler).
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